Em Portugal, o crédito à habitação é a forma mais comum de financiamento utilizada para a compra de uma casa. Dado o impacto financeiro de um empréstimo desta natureza, é fundamental compreender as condições exigidas pelos bancos e as implicações envolvidas ao pedir um crédito à habitação.
Neste artigo vamos explorar as principais condições necessárias para pedir um crédito à habitação.
Quem pode pedir crédito à habitação?
A primeira pergunta que muitos se fazem ao considerar um crédito à habitação é: “Será que cumpro os requisitos?”
Vamos ver os principais fatores que os bancos analisam para saber se está apto para pedir um empréstimo:
Idade
Em Portugal, as instituições financeiras geralmente exigem que o solicitante tenha entre 18 e 75 anos. No entanto, é importante notar que o prazo do crédito à habitação normalmente deve terminar antes de completar os 75 anos, ou seja, se pedir um crédito aos 60 anos, por exemplo, o prazo de amortização não poderá ultrapassar os 15 anos.
Situação profissional
Os bancos analisam a estabilidade financeira do candidato, pelo que a situação profissional tem um peso significativo.
- Caso o requerente seja trabalhador por conta de outrem, será necessário apresentar um contrato de trabalho válido e, preferencialmente, sem período de experiência.
- Para trabalhadores independentes, será exigido a declaração de IRS dos últimos dois ou três anos, para comprovar a estabilidade e a consistência dos rendimentos.
Além disso, pensionistas podem também ser elegíveis para um crédito à habitação, desde que a pensão seja suficiente para garantir o pagamento das prestações mensais.
Capacidade de endividamento: O que é a taxa de esforço?
A capacidade de endividamento é um dos principais fatores considerados pelos bancos na análise do pedido de crédito à habitação. A taxa de esforço é o indicador que mostra a percentagem do rendimento líquido mensal que será destinada ao pagamento da prestação do empréstimo.
A taxa de esforço é um dos critérios fundamentais avaliados pelos bancos ao concederem crédito. Esta taxa representa a percentagem do rendimento líquido mensal do agregado familiar destinada ao pagamento das prestações de créditos. A maioria das instituições financeiras recomenda que a taxa de esforço não ultrapasse 30% a 40% do rendimento líquido do requerente. Idealmente, esta taxa não deverá ser superior a 33%, ou seja, um terço do rendimento total do agregado familiar.
Por exemplo, se o rendimento líquido mensal for de 1.500 euros, a prestação mensal de crédito não deverá ultrapassar 600 euros, garantindo assim a solvência do cliente.
O banco também avalia outras despesas do cliente, como outros créditos em vigor, pensões alimentares ou encargos familiares, o que pode influenciar o montante da prestação mensal a ser concedido.
Manter a taxa de esforço dentro dos limites recomendados é essencial para evitar sobre-endividamento e assegurar estabilidade financeira.
Entrada inicial: Quanto tem de poupar para a sua casa?
A maior parte dos bancos exige uma entrada inicial para o crédito à habitação. Isso significa que o comprador deve pagar uma parte do valor do imóvel com os seus próprios recursos antes de solicitar o financiamento.
Normalmente, as entidades financeiras financiam entre 80% a 90% do valor de avaliação do imóvel, exigindo que o cliente faça um pagamento inicial de 10% a 20% do valor total.
Por exemplo, se o imóvel tiver o valor de 150.000 euros, o banco poderá financiar 120.000 euros, e o comprador deverá aportar os restantes 30.000 euros, que correspondem à entrada inicial.
Esta exigência visa garantir que o cliente tem um nível de comprometimento financeiro com a aquisição do imóvel, além de reduzir o risco para o banco, caso a propriedade perca valor ou o cliente entre em incumprimento.
Avaliação do imóvel: Como o banco determina o valor do crédito?
Quando solicita um crédito à habitação, o banco também irá fazer uma avaliação do imóvel para garantir que o valor do empréstimo não é superior ao valor real de mercado da casa.
Se o imóvel for avaliado abaixo do valor que pretende financiar, o banco pode exigir uma maior entrada inicial ou ajustar o montante do crédito que irá conceder.
Essa avaliação é realizada por uma entidade independente, geralmente contratada pelo próprio banco, para assegurar que o preço da casa está dentro do que é considerado justo para a localização e as condições do mercado.
Documentação necessária: O que precisa
A parte burocrática também tem um papel importante na aprovação do seu crédito à habitação.
Para formalizar o pedido, terá de apresentar alguns documentos essenciais, como:
- Documento de identificação válido e atualizado;
- Comprovativo de morada (ex.: fatura de serviços ou outro documento oficial);
- Comprovativo de IBAN (em nome do requerente);
- Última declaração de IRS entregue à Autoridade Tributária;
- Nota de liquidação de IRS referente ao ano fiscal anterior;
- Mapa de Responsabilidades emitido pelo Banco de Portugal;
- Últimos extratos de cartões de crédito (se aplicável);
Para trabalhadores por conta de outrem:
- Declaração de rendimentos emitida pela entidade patronal;
- Recibos de vencimento dos últimos 3 meses;
- Declaração de vínculo contratual;
Para trabalhadores independentes:
- Recibos verdes dos últimos 6 meses;
- Declaração de início de atividade.
Os bancos pedem muitos documentos para garantir a sua capacidade de pagamento e a veracidade da transação, por isso, tenha todos os papéis prontos para acelerar o processo.
Pedir um crédito à habitação é, sem dúvida, um dos passos mais importantes da sua vida financeira, sendo muitas vezes a decisão que definirá o seu futuro a longo prazo. Por isso, é fundamental que o faça de forma informada, entendendo bem as condições do crédito e o impacto que terá nas suas finanças pessoais.
Com a documentação adequada, uma capacidade de endividamento equilibrada e uma comparação cuidadosa das opções disponíveis, poderá concretizar o seu sonho da casa própria de forma segura e responsável.
Comprar uma casa não é apenas adquirir um imóvel, é um compromisso que se estende por várias décadas. Por isso, é crucial que tome decisões com calma, reflexão e um planeamento eficaz.
Neste processo, contar com o apoio de um consultor imobiliário pode fazer toda a diferença. Este profissional especializado tem o conhecimento necessário para ajudá-lo a e garantir que está a fazer a melhor escolha, tanto em termos financeiros como de segurança.
Além disso, o consultor imobiliário pode orientá-lo na escolha do imóvel ideal, ajudá-lo a entender todas as etapas burocráticas e a evitar surpresas ao longo do caminho.
Não subestime o valor do aconselhamento especializado. Um bom consultor imobiliário pode ser o seu parceiro estratégico ao facilitar todo o processo e ao garantir que o caminho para a sua casa própria seja mais claro, mais simples e muito mais seguro.